Autista com amor: criança, adulto e seu relacionamento
AUTISTA COM AMOR
A maior preocupação de pais e familiares de crianças com espectro autista observado tanto no atendimento clínico quanto na escola, é em relação ao seu futuro. Sempre perguntam se os filhos terão uma vida autônoma, se serão inseridos no mercado de trabalho, se terão um relacionamento amoroso e se construirão família.
Eu sempre respondo com outra pergunta: por que não?
Sintomas do espectro autista
Apesar dos diferenciados sintomas de indivíduo para indivíduo, o transtorno do espectro autista compreende um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade principal, a saber: comprometimento na comunicação; dificuldade na interação social; atividades restritas e repetitivas.
Pode também, apresentar hiperatividade, déficit de atenção, agressividade, desordens motoras, sensoriais e perceptivas, transtornos no sono e alimentares. O transtorno pode vir associado a diversos problemas neurológicos e neuroquímicos, podendo ocorrer convulsões em alguns quadros. É uma síndrome complexa que varia em grau de intensidade e de incidência dos sintomas.
Autismo na vida adulta:
Em alguns casos de níveis mais leves, o autismo pode ser descoberto na vida adulta ou pode passar despercebido, pois suas características poderão ser confundidas com timidez ou introversão.
Na vida adulta, as maiorias das pessoas com autismo conseguem desenvolver-se em diferentes áreas. Entretanto, seus avanços dependem de suas potencialidades, tratamento recebido e suporte familiar. Embora diminua uma boa parte dos sintomas, permanecerão as questões relacionadas à interação social, comunicação e o contato físico, dificultando para a pessoa autista estabelecer laços afetivos.
Considerando que o autismo é um transtorno que compromete as habilidades comunicativas, cognitivas e emocionais, podendo ter níveis variados, alguns especialistas, defendem que só os pacientes com quadros mais suaves, devem ter um relacionamento amoroso, com a intenção de casar e ter filhos, como nos casos conhecidos de pessoas com a Síndrome de Asperger. Reforçam que nos casos mais severos, perante a Lei o autista é considerado incapaz, sendo necessário passar por uma perícia judicial e que somente depois da avaliação de um especialista, poderá se envolver emocionalmente com uma pessoa.
Relacionamento afetivo:
Convém ressaltar que a pessoa autista tem dificuldade na expressão, não ausência de sentimentos. O autismo dificulta que as pessoas reconheçam as emoções alheias e também que as expressem. Entretanto, a dificuldade de entender os sinais da linguagem verbal e não verbal e a dificuldade na comunicação, não impede que elas sintam emoções pertinentes a todas as pessoas. Eles sentem amor, desejo, vontade, saudade, apenas muitas vezes, não conseguem expressar esses sentimentos. Dessa forma, nada impede que pessoas autistas, se relacionem afetivamente com pessoas que não tenham o transtorno.
Infelizmente, a dificuldade que a pessoa autista tem de se aproximar das pessoas, de entender e expressar seus sentimentos, seus desejos, suas necessidades e também em ser aceitas e compreendidas em suas diferenças, dificulta o estabelecimento de um relacionamento amoroso. Com efeito, resultando muitas vezes no afastamento e na rejeição ao contato físico, e levando a pessoa autista à frustração, ao isolamento ou a desistência de sua sexualidade.
O futuro do autista:
Volto à questão dos anseios dos pais e responsáveis em relação ao futuro do filho com espectro autista. É verdade que o desenvolvimento de suas potencialidades depende de vários fatores. Porém, o FUTURO da CRIANÇA autista depende principalmente do ADULTO autista. E, não somente, depende da sua forma de estar no mundo. Como depende também da forma de lidar com suas diferenças. Do mesmo modo, depende se o adulto autista valoriza suas capacidades ou estigmatiza seus limites.
Assim, como todas as pessoas, autistas ou não, é preciso repensar a vida. Além disso, é preciso reconstruir sua forma de estar no mundo. Quanto ao amor? O adulto autista precisa descobrir esse amor e se descobrir nesse amor. E, dessa forma, irá aprender a se relacionar com o seu amor. Ou seja, é preciso que ele faça a descoberta da sua própria vida. Porque, na verdade, O FUTURO só depende dele.
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