Pesquisa do Instituto Darcy Ribeiro identifica 300 templos religiosos em Maricá

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Censo Matriz Africana e Terreiros foi apresentado nesta quarta-feira (20/09) na Câmara Municipal de Maricá

A Prefeitura de Maricá, por meio do Instituto Municipal de Informação e Pesquisa Darcy Ribeiro (IDR), apresentou nesta quarta-feira (20/09), no auditório da Câmara Municipal de Maricá, o resultado do Censo Matriz Africana e Terreiros, que identificou 300 templos religiosos no município. Deste total, 235 pesquisas foram realizadas pela equipe, 44 estavam fechados permanentemente e 22 recusas ou ausentes. A parcial foi apresentada aos grupos que realizam práticas ritualísticas e ancestrais em todo o território de Maricá.

 

Nos dados coletados, observou-se que 36,3% dos templos se localizam no distrito Sede/Centro, 5% em Ponta Negra, 23,6% ficam em Inoã e 34% estão em Itaipuaçu.

 

Quanto à idade do responsável pelo templo, constatou-se que a maioria, 25%, tem entre 41 e 50 anos, 23% possuem idades entre 51 a 60 anos, 19% com idades entre 31 a 40 anos. Com a mesma porcentagem estão aqueles com idades entre 61 e 70 anos, 8% os que estão na faixa etária de 71 a 80 anos, 6% na casa dos 20 a 30 anos e 1% com mais de 81 anos.

 

Preservação do Patrimônio

 

O censo, que está na fase de coleta de dados qualitativos, foi pensado para produzir informações sobre Templos de Matriz Africana que praticam cultos ancestrais, com o objetivo de implementar políticas públicas específicas para essa população, bem como garantir a preservação do patrimônio material e imaterial produzido por eles.

 

Ao final do estudo, será publicado um livro e elaborado um documentário apontando os principais resultados.

 

“O Censo de Matriz Africana e Terreiros representa um esforço da gestão municipal em conhecer, de maneira detalhada, o perfil dos praticantes de rituais e cultos ancestrais no território maricaense. O IDR compreende a importância desse projeto para o desenvolvimento de políticas públicas na cidade e reconhece como um resgate histórico das conexões religiosas e culturais, intrínsecas da miscigenação do povo brasileiro”, afirmou o presidente do IDR, Romário Galvão.

 

O secretário de Assuntos Religiosos, Jessé Paz, falou sobre a importância do censo para a implementação de políticas públicas.

 

“Quando não tem conhecimento dos dados avaliados, imaginamos que seja algo que precisa ser feito, mas após a análise dos dados, vimos que temos um desafio pela frente. A secretaria de Assuntos Religiosos está lá para ofertar para vocês mecanismos e equipamentos para que possam fomentar a religião e cultura”, disse o secretário aos praticantes de ritos de matrizes africanas presentes na sessão.

 

Convidado para participar da plenária, o coordenador da Diversidade Religiosa do município do Rio de Janeiro, Márcio De Jagun, comentou sobre a iniciativa da Prefeitura de Maricá.

 

“Sabemos que há 500 anos as culturas africanas se propagam no nosso território brasileiro, mas a busca ativa dos municípios, identificando, reconhecendo, visibilizando esses polos de cultura e religiosidade, que por 500 têm sido hostilizados, é de maior relevância. É uma iniciativa valiosa para Maricá que também pode inspirar outros municípios”, afirmou.

 

Responsável por um terreiro em Inoã, o babalorixá André de Iemanjá, salientou a proximidade da Prefeitura os proprietários de terreiros.

 

“Acho digno o que a Prefeitura está fazendo, principalmente se voltando aos barracões porque temos que mostrar que somos espíritas, que não podemos nos esconder. Hoje temos o direito de expressão, o direito de andar com roupa de santo. Então, isso para mim significa muito respeito em relação à nossa religião”, pontuou.

 

Censo Matriz Africana e Terreiros

 

Para realizar a pesquisa, os recenseadores se basearam em seis pilares: a caracterização, ou seja, o distrito em que estão localizados; o perfil dos entrevistados onde foram observados alguns aspectos como idade do responsável pelo templo, o gênero e grau de escolaridade da pessoa; a caracterização do templo com informações sobre o tempo de funcionamento; regularização; políticas públicas, para saber se tem acesso aos programais sociais, e por fim, saber se um integrante de algum templo sofreu discriminação.

Foto: Katito Carvalho

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