Sustentável e saudável – Semana Mundial da Alimentação
“Até 2030, reduzir para metade o desperdício de alimentos per capita (…) do consumidor, e reduzir o desperdício de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento.”(Agenda 2030 – ONU, 2015)
O trecho acima é uma das metas para assegurar padrões de produção e de consumo sustentável. E, primeiramente, constitui Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Agenda para 2030. De fato, na prática foi desenvolvida para orientar as políticas públicas, nos próximos 15 anos.
Sabe-se que o desperdício de alimentos no Brasil e no mundo advém de inúmeros fatores, a saber:
- sociais,
- históricos,
- culturais e
- até de lógicas comerciais capitalistas, que priorizam o alimento perfeito nos moldes econômicos.
O desperdício de alimentos interfere também na edificação de um sistema alimentar socialmente e economicamente sustentável.(Novo Guia Alimentar para a População Brasileira, 2014).
Desperdício que poderia alimentar milhões de pessoas
Segundo as Nações Unidas, cerca de um terço de todos os alimentos é perdido ou desperdiçado em todo o mundo, em processos que envolvem desde a produção da comida até o seu consumo.
De acordo com Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que o consumo humano é o segmento em que há mais desperdício, representando 28% do total. Segundo a FAO, a comida desperdiçada no varejo, que representa 17% do total perdido. Em suma, poderia satisfazer as necessidades alimentícias de mais de 30 milhões de pessoas que vivem na região, o equivalente a 65% dos indivíduos que sofrem fome. Certamente, há diversas práticas para diminuir esse desperdício. A mais indicada delas, de acordo com a ONG Banco de Alimentos, é o chamado Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA).
Ação sustentável: Aproveitamento Integral dos Alimentos
Pode-se entender o Aproveitamento Integral dos Alimentos como uma ação de sustentabilidade. Além disso, é também uma forma de utilizar melhor o alimento, potencializando suas qualidades nutritivas. Pois, grandes teores de vitaminas, minerais e fibras são encontrados nas sementes, nas cascas e nos bagaços dos alimentos.
Um suco de abacaxi, por exemplo, pode ser preparado com a polpa e casca, ou utilizadas separadamente – como um suco de casca do abacaxi. Assim, ao utilizar o alimento em sua totalidade, é preciso pensar em soluções, sugestões e receitas criativas. Neste momento, o campo da Gastronomia se encaixa de forma perfeita a esse propósito.
Para que a alimentação sustentável seja realizada com mais ações para um maior alcance da sustentabilidade, um conjunto de estratégias pode ser realizado a partir de parcerias que reúnam uma grande diversidade de interesses e preocupações. Porém, a responsabilidade do governo, sociedade civil, setor privado e comunidades locais precisam demonstrar seus respectivos compromissos em aprender a viver sustentavelmente.
Desperdício cultural dos alimentos: problema a ser revertido
Por que estamos jogando tanto alimento no lixo? A raiz do problema do desperdício de alimentos também é cultural. O descarte dessas partes chamadas de “não convencionais” não deixa de ser uma forma de preconceito, que independe de fatores econômicos ou classe social, muitas vezes são associados a restos de comida. O aproveitamento integral dos alimentos é um campo de grandes descobertas, essenciais na discussão da promoção da sustentabilidade e da segurança alimentar e nutricional.
Uma parte da solução poderia se dar quando mais pessoas, como chefs , nutricionistas, restaurantes, escolas, instituições públicas e privadas que produzem comida utilizarem a prática do aproveitamento integral dos alimentos. A transformação de sementes, folhas, cascas e polpas em farinhas ou a utilização de bagaços, cascas e sementes trituradas podem dar estrutura e enriquecimento nutricional a receitas de bolos, tortas e pães.
Acima de tudo, participação da família na busca da alimentação saudável e sustentável
Um outro ponto fundamental dentro dessa esfera da alimentação sustentável é a participação das famílias, em casa, na comunidade e na escola. A família precisa ser responsável em acompanhar não só a sustentabilidade, como também a qualidade da alimentação. Ademais, isso não é responsabilidade só das mulheres, é de todos os componentes da família. De fato, todos precisam cuidar para que se tenha uma alimentação saudável, além de sustentável.
O aproveitamento integral dos alimentos, além de auxiliar no combate à fome, reduz a produção de lixo, uma vez que no Brasil a maior parte do lixo é composta por alimentos, cerca de 65% de nosso lixo é orgânico. Inegavelmente, se não tratado, o lixo gera o chorume, que polui as nossas águas. Este lixo também promove a liberação de gás metano. Desse modo também colabora com o aumento do efeito estufa e, logo com as alterações climáticas.
O grande desafio é estimular mudanças de atitude e comportamento nas pessoas. Desse modo, a reflexão sobre a questão da alimentação sustentável objetiva provocar o sentimento de consumo mais consciente. Então, vale lembrar que o nosso alimento também faz parte do patrimônio cultural e demográfico, e da forma como vivemos.
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