Mulheres – Dificuldades no emprego e ascensão na carreira
Desigualdades de gênero afetam a inserção das mulheres no mercado de trabalho
As oportunidades de emprego para mulheres melhoraram pouco desde o início dos anos 1990. Com efeito, afirmaram os especialistas trabalhistas da ONU na quinta-feira (07/03). Na ocasião, alertaram que as trabalhadoras ainda são penalizadas por ter filhos e cuidar deles.
De acordo com Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da Organização Internacional do Trabalho (OIT):
“Uma série de fatores está bloqueando a igualdade no emprego, e o que desempenha o maior papel é o cuidado. Nos últimos 20 anos, a quantidade de tempo que as mulheres gastaram com cuidados não remunerados e trabalho doméstico quase não diminuiu”.
Entretanto, a participação dos homens aumentou “em apenas oito minutos por dia”. Nesse ritmo de mudança, serão necessários mais de 200 anos para alcançar a igualdade no tempo gasto em trabalho de cuidado não remunerado.
As oportunidades de emprego para mulheres melhoraram pouco desde o início dos anos 1990. Além disso, as trabalhadoras ainda são penalizadas por ter filhos e cuidar deles.
Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Foi lançado na véspera do Dia Internacional das Mulheres (08/03), o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Relatório que constatou que 1,3 bilhão de mulheres trabalhavam em 2018. Quando em comparação com 2 bilhões de homens – percebe-se uma melhora de menos de 2% nos últimos 27 anos.
As preocupações sobre o “teto de vidro” no que se refere à falta de mobilidade ascendente no trabalho também persistem, já que menos de um terço dos cargos de gerência das empresas é ocupado por mulheres.
De acordo com o relatório, as mulheres ainda estão sub-representadas no topo. Com efeito, uma situação que mudou muito pouco nos últimos 30 anos.
“Isso ocorre apesar do fato de elas terem mais educação formal que seus pares masculinos. A educação não é a principal razão para taxas de emprego mais baixas e salários mais baixos das mulheres, mas sim que as mulheres não recebem os mesmos dividendos da educação que os homens.”
Desse modo, a remuneração das mulheres é 20% menor do que a dos homens, como uma média global. Esta é uma das conclusões da OIT.
Essa discrepância está ligada a uma “penalidade salarial por maternidade”. Penalidade que contrasta com o fato de que os pais desfrutam de um “prêmio salarial”.
De maneira preocupante, entre 2005 e 2015, houve também um aumento de 38% no número de mulheres trabalhadoras que não tiveram filhos pequenos, em comparação com as que tiveram.
Isso ocorre apesar das conclusões de um relatório global de OIT-Gallup de 2017, segundo o qual 70% das mulheres preferem trabalhar em vez de ficar em casa – algo com o que os homens concordam em grande parte, observou a organização.
Empregos informais
Em 2018, as trabalhadores do sexo feminino eram mais propensas a trabalhar em ocupações de baixa qualificação. Acrescente-se também que elas enfrentam condições de emprego piores do que os homens.
Desse modo, também estão “mais expostas” a empregos informais sem proteção social em mais de 90% dos países subsaarianos, em 89% dos Estados do sul da Ásia e em quase 75% dos países latino-americanos.
“As mulheres também são frequentemente vistas em ocupações mais vulneráveis. Por certo, como domésticas, trabalhadoras do lar ou contribuindo para o trabalho familiar”, observou o relatório da OIT.
Em termos de soluções que podem ajudar a criar um futuro melhor de trabalho para as mulheres, o relatório pediu um “salto quântico” de escolhas políticas transformadoras.
Isso inclui a criação ou a revisão de leis. De fato, leis para estabelecer direitos iguais para todos os sexos no mundo do trabalho. Além disso, a revogação da proibição de mulheres ingressarem em determinadas profissões ou de trabalhar à noite ou no subsolo.
Esforços também são necessários para criar “tempo para cuidar”. Assim enfatizou o relatório da OIT. Sobretudo, explicou que “maior tempo de soberania é necessário para permitir que as trabalhadoras exerçam mais escolhas e controle sobre suas horas de trabalho”.
Aquelas com famílias se beneficiariam particularmente, explicou o relatório. Quando os homens dividem o trabalho não remunerado de cuidados de forma mais igualitária, “mais mulheres são vistas em cargos gerenciais”.
Foto Destaque: EBC/AgBr
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