doenças, emergentes e remergentes

Doenças infecciosas e parasitárias e meio ambiente

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Ambiente natural e doenças

De fato, o Brasil oferece condições propícias para as emergências e reemergências de doenças infecciosas e parasitárias. Isso ocorre devido as suas características climáticas, geográficas, ambientais e socioeconômicas.

Sabemos que existe uma relação direta entre o ambiente natural com o aparecimento de doenças nos homens e em animais. Além disso, podemos acrescentar que praticamente todos os patógenos, vistos como novos, existiram previamente na natureza.  E, de fato, só se estabelecem como doença quando existem desequilíbrio no ecossistema.

Doenças Emergentes

As “ doenças emergentes ” são definidas assim por serem doenças novas, que foram identificadas como um novo problema de saúde, por introdução de um novo agente infeccioso. Como exemplo de doença emergente nós temos a AIDS, a hepatite C, a febre hemorrágica pelo vírus Ebola, a encefalite espongiforme (doença da vaca louca), ou por microorganismos que só atingiam animais e que, agora, afetam também seres humanos como o vírus da Febre do Nilo Ocidental, o hantavírus, o vírus da influenza aviária (A/H5N1), o vírus Chikungunya e o vírus da Zika.

Doenças Reemergentes

Já as “ doenças reemergentes ” indicam que houve mudanças no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, que haviam sido controladas, e que voltaram a representar ameaça à saúde humana, incluindo-se a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Na história recente do Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da dengue e da febre amarela, do sarampo, bem como a expansão da leishmaniose visceral. O recente caso suspeito de peste bubônica reacendeu o alerta para possível reintrodução da peste no Estado do Rio de Janeiro.

Com a construção da represa de Itaipu, ocorreu a disseminação da malária no sul do país. Na década de setenta, com a migração, a malária deixou a região oeste do Brasil e manifestou em regiões não endêmicas. Desse modo, elevou a manifestação de inúmeros casos e instalação do vetor na região. O mesmo aconteceu com leishmaniose tegumentar, também com a migração e a ocupação de novas áreas ocorreu à disseminação em todo país.

Além disso, secas e inundações, também contribuem para a emergência e disseminação de doenças como a cólera e a leptospirose.

Impacto ambiental

Em novembro 2015, a mineradora Samarco foi responsável por um grande acidente ambiental. A barragem denominada de Fundão, localizada na cidade de Mariana (MG), rompeu-se e derramou uma grande quantidade de lama. Com efeito, a lama atingiu uma extensa área de vegetação, rios, córregos e, até mesmo, o mar. Desse modo, várias espécies de animais e plantas morreram no incidente, que causou a morte de 17 pessoas.

Esse acidente em Mariana teve grande impacto ambiental negativo e provavelmente tem relação com o aumento de casos de febre amarela em 2017. Provavelmente isso aconteceu em virtude do estresse causado nos animais da área, o que os tornou mais suscetíveis a doenças. No ambiente silvestre, a febre amarela é encontrada em macacos e é transmitida pelo mosquito Haemagogus. Com mais animais doentes, maior é a quantidade de mosquitos infectados. Em virtude da destruição de habitat, esses animais passaram a ter um maior contato com o homem. Assim sendo, aumentou os casos da doença.

Maricá

O município de Maricá possui 362,5 Km2.de extensão territorial. A Área de Preservação Ambiental – APA de Maricá, criada pelo Decreto Estadual nº 7.230, de 23 de abril de 1984, com 9,70 Km2 , abrange o sistema lagunar do município de Maricá e a totalidade da Ilha do Cardoso, parte da Restinga de Maricá, dominada pelo Bioma Mata Atlântica.

A fauna local inclui muitas espécies ameaçadas de extinção, a saber, lagartos ( Liolaemus lutzae por exempo), borboletas e anfíbios. Entre elas estão as 19 espécies endêmicas, que só ocorrem ali como o peixe-das-nuvens (Leptolebias citrinipinnis), o ratinho-de-espinho e vários tipos de insetos e plantas. De fato, trata-se da restinga com o maior número de trabalhos científicos do país.

Qualquer intervenção humana, quer seja voluntária ou acidental nesse ecosistema sensível, sem o devido estudo de impacto ambiental poderá levar à rupturas do equilíbrio ecológico. Desse modo, trazendo a emergência ou reemergência de doenças.

Prevenção do surgimento de doenças

De fato, como as principais ações que visam a prevenção do surgimento de doenças associadas a desequilíbrios ambientais temos:

1-Fortalecimento das atividades de vigilância em saúde (ambiental e sanitária, principalmente) e de saúde pública veterinária. Visto que a emergência e reemergência de doenças infecciosas resultam da interação do homem com o ambiente.

2- O saneamento básico e sistemas de coletas de lixo. Consequentemente, evitando o acúmulo de resíduos sólidos que atraiam animais e disseminem vetores.

3- Prevenção de incêndios em matas e áreas preservadas e preservação da contaminação do sistema hídrico.

4- A capacitação dos profissionais de saúde para identificar casos suspeitos e auxiliar no processo de investigação. Além disso,  o desencadeamento das medidas de controle.

5- Adesão da população ao Calendário de Vacinação.

6- Plano de manejo ambiental e realização de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) para obras ou grandes empreendimentos.

Foto Destaque: APA de Maricá na Região dos Lagos. Comunidade pesqueira de Zacarias. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Texto: Dra Leila Macedo

Enfim, veja também:

=====> Campanha de vacinação – Sarampo e poliomielite – de 06/08 a 31/08

=====> Prêmio Norman Borlaug 2018 à Dra. Leila Macedo

 

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