Quarto webnário da série “Reconstruindo o Brasil a partir de Darcy Ribeiro” é realizado em Itaipuaçu

Compartilhe essa matéria:

Evento online contou com palestra do influenciador e pensador indígena Cristian Wariu

A Prefeitura de Maricá, a Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maricá) e a Fundação Darcy Ribeiro apresentaram o 4º webnário “Reconstruindo o Brasil a partir de Darcy Ribeiro”, que teve como tema “Ser indígena no Brasil”. O evento contou com palestra do influenciador indígena Cristian Wariu, foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Prefeitura e foi mediado diretamente da Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro, em Itaipuaçu, cujos alunos participaram. A curadoria foi de Heloísa Buarque de Hollanda.

 

Cristian Wariu é um indígena do povo xavante com ascendência guarani e ganhou projeção na internet depois de passar a compartilhar a sua rotina ainda em 2018, tirando dúvidas de seguidores sobre como é ser indígena e estar na cidade.

 

“A gente é visto de maneira deturpada. Eu vou trazer um pouquinho do que eu vivi na infância, afetada pelo imaginário de muitos de que um ‘índio’ não deveria estar em casa, deveria ficar ‘no mato’, numa rede, pescando. Hoje digo que é muito pelo contrário! O indígena pode estar onde ele quiser. Independentemente do lugar, a gente não deixa de ser indígena. Isso de ter que ‘ficar no mato’ foi uma visão repassada desde o início como forma de tirar a nossa identidade”, disse Wariu.

 

Wariu frisou que só mais recentemente, com a Constituição de 1988, os indígenas conseguiram ter plena cidadania e garantia. Antes, até a ditadura militar, eles eram vistos como “povos em transição” e que, com a urbanização de todos, deixaria de existir povo indígena. Ele também chamou a atenção dos estudantes e dos espectadores que acompanharam tudo pelo canal da Prefeitura de Maricá no Youtube (@prefeiturademarica1) para a sistemática perseguição contra povos indígenas, como forma de “desocupar” o território para ser usado para atividades com fins comerciais.

 

Crise humanitária

 

Atualmente, o povo ianomâmi está enfrentando uma grave crise humanitária provocada por invasões às suas terras, principalmente por garimpeiros e traficantes. Vale lembrar que nos últimos anos as demarcações de terras indígenas foram paralisadas e a fiscalização sobre os territórios já demarcados, como o dos ianomâmis, deixada de lado pelo governo brasileiro entre 2019 e 2022. Quando os primeiros europeus chegaram ao território onde foi constituído o Brasil, por volta de 1500, havia, segundo dados apontados por Wariu, 5 milhões de indígenas de centenas de povos. Hoje, são cerca de 900 mil indivíduos.

 

“Discutir a temática indígena faz-se necessário como respeito aos povos originários e, principalmente, em respeito à memória de Darcy Ribeiro, por toda sua história com os povos indígenas do Brasil. Um importante evento da Codemar em parceria com a Fundação Darcy Ribeiro. Darcy foi antropólogo, educador, senador, figura pública e política que teve uma influência enorme na cultura e na educação do Brasil. As suas obras trabalharam temas como diversidade, indígenas, cultura, inclusão… Então, Darcy é uma figura que não pode ser esquecida”, avaliou Rita Rosa, professora e colaboradora da Diretoria de Economia Criativa e Sustentabilidade da Codemar.

 

“O pensamento de Cristian Wariu sobre os povos originários é um pensamento que a gente deve agregar porque, em boa parte, é ele que vai nos ajudar a nos salvar. De uma forma muito segura e muito tranquila, ele fala da desconstrução de preconceitos, a desconstrução de ‘maus entendidos’ seculares que vêm acontecendo na nossa sociedade e que nós precisamos desmontar para a gente poder viver uma vida mais solidária, mais justa com todos”, declarou José Ronaldo Cunha, presidente da Fundação Darcy Ribeiro.

 

Batalhas de rap

 

O webnário foi dividido em dois blocos. Depois de cada um deles, palavras-chave ditas por Cristian Wariu eram selecionadas; e artistas dos coletivos Ruasia Maricá e Poesia na Rua, desafiados a rimar as palavras em sessões de batalhas. Júri popular decidiu os melhores de seis batalhas, que receberam premiação de R$ 300 cada um.

 

Quem quiser conferir o webnário pode seguir até o canal da Prefeitura de Maricá no YouTube (@prefeiturademarica1), na aba “Ao vivo”, onde poderão ser encontradas, também, as gravações das edições anteriores. O evento acontece sempre no fim de cada mês e terá dez edições.

 

Foto: Codemar

Fonte: Codemar

Sobre o autor(a)


Compartilhe essa matéria: