Erro na Aprendizagem – Errar é necessário para a construção do conhecimento?
“É errando que se aprende.” (Ditado Popular)
O erro…Parece contraditório, mas não é apenas a sabedoria popular que afirma que aprendemos com os nossos erros.
Piaget, em seus estudos diz que “o conhecimento é um processo de fazer e refazer”. Essa afirmativa traz um grande desafio para os educadores: integrar o erro de forma construtiva no processo ensino-aprendizagem.
Porém, nem sempre é possível aplicar essa lógica ao cotidiano escolar, pois ele está impregnado de conceitos e normas que bloqueiam a capacidade de pensamento crítico e criativo do aluno, dentre eles a forma com que entendemos e lidamos com o erro. Para enfrentar esse desafio é necessário obter a consciência da importância que o o não acerto tem na construção do conhecimento.
Então vale pensar sobre essa questão:por que associamos sempre o erro ao fracasso? Qual a carga simbólica do erro do ponto de vista: do professor, do aluno, da família, da sociedade em geral? Muitos educadores, classificam as respostas dos alunos em acertos e erros, limitam a liberdade de pensamento e a expressão livre do educando, considerando os acertos e punindo os erros.
Punir ou encorajar o erro?
Augusto Cury afirma que, “errar é uma etapa do inventar, falhar são degraus do criar”. Segundo o autor, “se quem erra é punido, a punição é registrada no centro de memória através do fenômeno RAM (Registro Automático de Memória) obstruindo a ousadia e a inventividade”. Ao contrário, se valorizarmos e encorajarmos a quem erra, estaremos impulsionando a pessoa a procurar novos caminhos para a resolução de problemas, ou seja, obriga à ação cerebral.
Segundo Vasconcelos, uma das dificuldades em se trabalhar os erros dos alunos, encontra-se justamente na dificuldade que o próprio educador tem em trabalhar os seus erros, em decorrência de uma formação distorcida, onde não havia lugar para o erro. O sistema de ensino, está enquadrado numa cultura que estigmatiza e reprime o erro, porque o enfoque é dado ao resultado em detrimento do processo.
Há processo de conhecimento sem erro?
O filósofo K. Popper diz que “é com nossas teorias mais ousadas, inclusive as que são errôneas, que mais aprendemos. Ninguém está isento de cometer enganos; a grande coisa é aprender com eles”. Portanto, não há processo de conhecimento sem erro. Sem dúvida que o erro é parte constitutiva da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo. Desconsiderar o erro no processo de aprendizagem é o mesmo que impedir que o aluno construa os instrumentos indispensáveis ao seu pensar.
Nesse sentido, podemos afirmar que o erro é próprio do processo de construção do conhecimento, sendo necessário ser mais compreendido e melhor trabalhado, pois ele revela o nível de estruturação mental em que o aluno está operando. Cabe ao professor instrumentalizar- se no sentido de fazer uso dos erros como um meio para a construção do conhecimento, levando o aluno a buscar novas tentativas e elaborar hipóteses mais apropriadas. Afinal, é caindo muitas vezes que aprendemos a andar. E educação se faz ao caminhar.
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