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Em BH, mulheres lutam contra feminicídio e por direitos trabalhistas neste 8 de março

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Em meio ao encerramento do carnaval, mulheres constroem um bloco próprio para reivindicar direitos

“Lute como uma mulher”

Em Belo Horizonte, o Dia Internacional da Mulher, neste sábado, 8 de março, conta com uma mobilização, a partir das 8h, na Praça Afonso Arinos. Este ano, com o lema “Lute como uma mulher”, o encontro pretende discutir pautas fundamentais para o gênero feminino na atualidade.

“Ainda estamos aqui”. Com essa frase, em alusão ao filme de Walter Salles, “Ainda estou aqui”, as mulheres reforçam o compromisso com temas como igualdade salarial, redução de jornada de trabalho, fim da escala 6×1, democracia e rompimento de violências.

“Em MG não há nenhuma forma de incentivo e nem cobrança da aplicação da lei do trabalho igual, salário igual, por exemplo. Não há geração de postos de trabalho que viabilizem a autonomia das mulheres, há estímulo à pauta de costumes que prioriza a submissão das mulheres”, denuncia Valéria Morato, Presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), uma das entidades organizadoras do ato.  

Como a manifestação será realizada no encerramento do carnaval, as mulheres constroem um grande bloco, auto-organizado, com percurso que inclui passagens pela avenida Afonso Pena, praça Sete e chegada à Praça da Estação.

Violência de gênero e feminicídio

A violência contra a mulher continua sendo um dos temas centrais do ato. Segundo Bernadete Esperança, da Marcha Mundial das Mulheres, essa questão se mantém como uma ferramenta de domínio e exploração.

“No ano passado e mesmo no início desse ano, a gente teve crimes bárbaros contra meninas aqui na Região Metropolitana de Belo Horizonte [RMBH]. O último foi o que um pastor, abusa e assassina uma menina de 13 anos”

O caso aconteceu no domingo, dia 9 de fevereiro, e a vítima foi Stefany Vitória Teixeira Ferreira, de 13 anos, que foi encontrada morta em Ribeirão das Neves, no dia 11, ou seja, dois dias depois de ter desaparecido. O pastor João das Graças Pachola, de 54 anos, vizinho da vítima, confessou ter matado a adolescente e foi preso.

“Esses casos nos chocam e explicitam como que o nosso mundo é um mundo ainda misógino, machista. E que essas pessoas, que são de confiança, que são próximas, muitas vezes são as que efetuam a violência”, sinaliza. 

Em Minas Gerais, o ligue 180, dispositivo central na estratégia de enfrentamento da violência contra a mulher no país, registrou, 8.417 denúncias, até julho de 2024, um aumento de 32,66% em relação ao mesmo período em 2023.

Entre os casos relatados, 5.085 foram apresentados pela própria vítima, enquanto em 3.324 o denunciante foi uma terceira pessoa. A casa da vítima, segundo a pesquisa, ainda é o cenário onde mais situações de violência são registradas. Em Minas Gerais, 3.893 denúncias tinham este contexto.

Desafios no governo Zema

No 8 de março do ano passado, o lema da manifestação foi

“Mulheres em luta pelos bens comuns e contra as privatizações”, marcado por denúncias ao governo de Romeu Zema (Novo).

Este ano, a preocupação continua, segundo Bernadete.

“O Governo Zema segue insistindo na privatização da Cemig, Copasa e até mesmo interferindo no SUS e na educação. Isso afeta diretamente a população, encarecendo a vida e reduzindo a qualidade dos serviços”, alerta a integrante da Marcha Mundial de Mulheres. 

Para ela, o governo Zema tem apresentado retrocessos em diversas áreas, como não pagar o piso para as professoras.

“Uma categoria de grande maioria feminina e que não é valorizada no seu trabalho. E aí, Zema, apesar da lei nacional, não paga; os deputados fazem uma lei estadual, e ele entra na Justiça contra essa lei para não pagar o piso salarial as professoras”, observa.

Na comparação com o governo federal, Bernadete lembra que Lula teve o voto da maioria das mulheres.

“Tem enfrentado vários desafios no governo, mas tem tido políticas que caminham nesse sentido de enfrentar a violência. Então, tem uma campanha contra o feminicídio, tem avançado em leis de proteção às mulheres e na valorização do salário mínimo”, pondera. 

Redução da jornada de trabalho e divisão do trabalho doméstico

Faltam políticas públicas que socializem as tarefas domésticas

Segundo Bernadete, é preciso criar mais políticas públicas que deem conta de enfrentar tanto a violência, quanto questões como distribuição de renda e valorização do trabalho.

“As mulheres, apesar de estarem à frente de mais lares, das casas, continuam recebendo menos que os homens. Continuam em trabalhos mais precários, continuam em trabalhos com diferença salarial grande”, observa. 

Para ela, é muito importante que a pauta do trabalho apareça, em especial diante da discussão sobre a escala 6×1, porque essa é uma luta histórica da classe trabalhadora e que pode favorecer em especial as mulheres.

“Porque as mulheres, para além da jornada fora de suas casas, possuem uma que é dentro de casa, que é do trabalho doméstico e de cuidados, que muitas vezes não tem política pública que possibilite a socialização”, lembra. 

Foto: Instagram/ marinaaraujobh

Fonte: Brasil de Fato

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