Bebê maricaense doa células-tronco para salvar a vida do irmão
Células tronco de um bebê para salvar o irmão mais velho
Na última sexta-feira (14/08), Maricá presenciou o resultado de uma grande articulação em torno da vida envolvendo células-tronco. Esta articulação durou cerca de dois meses. E, além disso, envolveu toda a rede de Saúde da cidade; a saber: Atenção Primária à Saúde; o laboratório Dr. Francisco Rimolo Neto e a Rede de Urgência e Emergência, com a Maternidade do Hospital Municipal Conde Modesto Leal; além, é claro, do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A articulação se deu em torno de uma cirurgia de cesariana muito importante. Na cirurgia foram colhidas células tronco do cordão umbilical de um bebê, cuja mãe, Márcia Cristina, de 21 anos, tem outro filho, de 2 anos e 3 meses, com câncer e que precisa desse transplante, caso seja compatível com a irmãzinha doadora.
A ginecologista obstetra Claudia Rogeria realizou a cirurgia cesariana feita no Hospital Municipal Conde Modesto Leal. A biomédica Danielle Figueiredo fez a coleta e acondicionamento para o transporte corretos. E, a médica de família Alessandra Andrade acompanhou o pré-natal e acompanhou o material até o INCA para que fosse feita a análise.
Sendo compatível, o transplante será agendado. A análise ainda não foi concluída. Enfim, mãe e bebê passam bem.
Sobretudo, o sangue do cordão é uma das fontes de células-tronco hematopoéticas para o transplante. Por certo, este é o único uso deste material atualmente. O transplante é indicado para pacientes com doenças do sistema sanguíneo e imune; a saber: leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo.
As doações só podem ser realizadas em hospitais conveniados com o Banco de Sangue de Cordão Umbilical. Ademais, é necessário que exista nos hospitais equipes treinadas para realizar a abordagem da gestante, acompanhamento da gestação e coleta do material no momento do nascimento da criança.
O que são células-tronco?
As células-tronco são células muito especiais. Elas surgem no ser humano, ainda na fase embrionária, previamente ao nascimento. Após o nascimento, alguns órgãos ainda mantêm dentro de si uma pequena porção de células-tronco, que são responsáveis pela renovação constante desse órgão específico. Essas células têm duas características distintas; a saber:
- conseguem se reproduzir, duplicando-se, gerando duas células com iguais características;
- conseguem diferenciar-se, ou seja, transformar-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos.
Um exemplo é a célula-tronco hematopoética, que no adulto se localiza na medula óssea vermelha. Na medula óssea, ela é responsável pela geração de todo o sangue.
Essa é a célula que efetivamente é substituída quando é feito um transplante de medula óssea.
Como são obtidas as células para o transplante?
A coleta de células para o transplante pode ser feita por meio de uma pequena cirurgia, sob anestesia geral, de aproximadamente 90 minutos, na qual são realizadas de quatro a oito punções com agulhas nos ossos da bacia, para que seja aspirada parte da medula. Retira-se um volume de medula de 15ml por quilo de peso do doador. Essa retirada não causa qualquer comprometimento à saúde do doador, que recebe alta no dia seguinte ao procedimento.
Há outro tipo de coleta chamado aférese. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio da máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia. A decisão sobre o tipo de doação é exclusivamente dos médicos.
Enfim, as células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue de cordão umbilical, também é outro tipo de fonte para transplante. Após o nascimento, o cordão umbilical é pinçado (lacrado com uma pinça) e separado do bebê, cortando a ligação entre o bebê e a placenta. A quantidade de sangue (cerca de 70 – 100 ml) que permanece no cordão e na placenta é drenada para uma bolsa de coleta. Em seguida, já no laboratório de processamento, as células-tronco são separadas e preparadas para o congelamento. Estas células podem permanecer armazenadas (congeladas) por vários anos nos Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, e disponíveis para serem transplantadas.
Doação de medula óssea: como salvar uma vida em três passos
Vídeo do Registro Nacional de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. O vídeo reúne orientações sobre como se tornar um doador de medula óssea, e explica como esta doação poderá salvar uma vida em qualquer lugar do mundo.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Fonte: PMM/INCA/REDOME
Foto Destaque: Inca/Redome