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África se faz presente na Sapucaí no primeiro dia de desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio

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Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro e Estação Primeira de Mangueira foram as quatro primeiras escolas a desfilarem

O primeiro dia de desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro foi marcado pelas temáticas afro-brasileiras e o retorno às tradições do povo africano. Quatro escolas passaram pela avenida no domingo (2).

A primeira a desfilar foi a campeã da Série Ouro em 2024, Unidos de Padre Miguel, que volta ao Grupo Especial este ano depois de cinco décadas no Grupo de Acesso. O enredo contou a história de Francisca da Silva, a Iyá Nassô, ialorixá fundadora do primeiro terreiro de candomblé do Brasil, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador (BA), no século 19. A agremiação precisou de autorização dos orixás para levar o enredo à avenida.

A comissão de frente foi formada por 15 componentes, com vestimentas brancas e cabeça coberta, carregando enormes peças de búzios, símbolo das religiões da diáspora africana, que se transformavam em escudos. E no carro abre-alas, a atriz Jéssica Ellen representou a ialorixá iyá Nassô. No início do desfile, a escola apresentou um problema no som, que foi atribuído pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) à empresa contratada para operar os equipamentos. Outras escolas também tiveram o mesmo problema no desfile de domingo.

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Unidos de Padre Miguel abriu os desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí, na região central do Rio de Janeiro / Tomaz Silva/Agência Brasil

Imperatriz Leopoldinense foi a segunda escola a passar pelo Sambódromo, contando a saga de Oxalá para visitar o reino de Xangô e recuperando os saberes dos povos vindos de África. Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón foi o título do enredo que agitou a Sapucaí com a passagem da escola do bairro de Ramos, zona norte da capital.

Os componentes da comissão de frente vieram vestidos com tradicional vestimenta de Oxalá e seu cajado. Já o carro abre-alas homenageou o orixá da criação, Ifón, e mais de 250 ritmistas compuseram a bateria que representou mais uma vez Oxalá.

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Ritmistas da Imperatriz Leopoldinense / Tomaz Silva/Agência Brasil

A Unidos do Viradouro veio em seguida, contando a história do quilombola Malunguinho, o “dono das chaves que abrem as senzalas”. Com o enredo Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos, a atual campeã do carnaval carioca exaltou a figura do herói afro-indígena que liderou o Quilombo do Catucá, em Pernambuco. A comissão de frente surpreendeu o público da Marquês de Sapucaí com efeitos visuais e pirotécnicos ao redor de uma imensa coroa.

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Comissão de frente da Unidos do Viradouro / Tomaz Silva/Agência Brasil

A última escola a desfilar foi a Estação Primeira de Mangueira, que celebrou a contribuição dos povos bantos, de Angola, para a história do Rio de Janeiro. O enredo À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões foi o mais cantado pelo público do Sambódromo. Destaque para a comissão de frente, que utilizou drones para fazerem pipas voarem em plena avenida do samba, e para a paradinha da bateria que emocionou as pessoas na Marquês de Sapucaí.

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Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira / Tomaz Silva/Agência Brasil

Todas as escolas respeitaram o limite de 80 minutos para o desfile e não receberam penalidades. O novo modelo de quatro desfiles por noite permitiu que a última escola, Estação Primeira de Mangueira, encerrasse sua passagem pela avenida às 4h11, antes do amanhecer.

Nesta segunda-feira (3) de carnaval, desfilam na Sapucaí Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel. Na terça (4), será a vez de Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela, concluindo assim os desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca. A apuração das notas acontece na quarta-feira (5).

Foto: Pablo Porciuncula / AFP
Fonte: Brasil de Fato

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