Carnaval

Diversidade: conheça blocos de mulheres, LGBTs e negros que sairão no carnaval de Belo Horizonte

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Grupos se destacam pela pluralidade que levam às ruas da capital mineira

Considerado uma das festas mais populares e aguardadas do Brasil, o carnaval é um movimento de resistência que respira a diversidade. Por isso, blocos de rua de Belo Horizonte utilizam a data como um espaço para celebrarem a pluralidade e lutarem por cada vez mais espaços e direitos na sociedade.

Neste ano, a expectativa é que mais de 560 bloquinhos desfilem pelas ruas da capital mineira, mas, além da festa, alguns se destacam pelos seus ideais. Conheça alguns deles:

Tapa de Mina

O bloco Tapa de Mina surgiu no ano de 2016, dentro do Quilombo Manzo, com o objetivo de unir e capacitar mulheres por meio da percussão.

“Na sua essência, o bloco defende a preservação da identidade cultural, celebrando a música tradicional e a diversidade de ritmos que fazem parte da história, como o axé, o afro, o samba, o maracatu e outros estilos”, afirma Laiza Lamara, fundadora do grupo, em entrevista ao Brasil de Fato MG.

Além disso, o Tapa de Mina tem papel fundamental na conscientização da população sobre questões sociais e políticas. Este ano, o cortejo tem como tema “Mulheres no comando, mulheres no poder” e promete abalar o carnaval.

“Além de valorizar suas raízes culturais, o Tapa de Mina também busca promover a inclusão social, o empoderamento da mulher e a conscientização sobre questões sociais e políticas”, continua a regente do bloco.

Laiza ainda destaca as abordagens do bloco e a finalidade de incentivar uma reflexão crítica, mesmo durante um período festivo.

“A essência do Tapa de Mina é um compromisso com a valorização da cultura local, com a luta por justiça social e com a promoção de um carnaval inclusivo, que une pessoas de diferentes origens e histórias em torno da música e da celebração da vida”, finaliza.

O cortejo do bloco acontece no sábado (15), a partir das 13h, na rua Maria Carmem Valadares, 599, no bairro Santa Efigênia.

Abalô-caxi

O bloco “Abalô-caxi” também surgiu em 2016, a partir da necessidade de representatividade da comunidade LGBTQIA+ no carnaval de BH, que tem como histórico a luta popular.

“O bloco nasce da vontade de dar espaço de fala, por meio da cultura e da arte, a todas as pessoas”, afirma Cadu Passos, integrante do grupo, em entrevista ao Brasil de Fato MG. 

Em seu repertório, o bloco traz a tropicália e a diversidade da música popular brasileira. Além disso, o Abalô-caxi é uma organização cultural que tem como princípio o combate a qualquer tipo de preconceito, como LGBTfobia, racismo, fascismo e machismo.

Sobre as expectativas, Cadu afirma que “o bloco espera atingir ainda mais pessoas, demarcando o território de luta da população LGBTQIA+ no carnaval de BH”.

O cortejo acontece no domingo de carnaval (2), com o tema “Sulear – Arco-íris Tropical”, que propõe um resgate cultural e político das raízes afro-brasileiras, indígenas e latinas, desconstruindo a hegemonia eurocêntrica.

Mas antes do cortejo, no sábado (15), a partir das 10h, o bloco promove um ensaio aberto, na Praça da Estação, aproveitando a Praia da Estação.

Bloco Angola Janga

O bloco afro Angola Janga foi criado em 2015, dedicado ao empoderamento negro, por meio de repertórios afrobrasileiros e lutas contra discriminações. O grupo carrega consigo a ancestralidade, se tornando um ambiente seguro e de protagonismo para o povo negro. Este ano, a iniciativa comemora 10 anos de existência e de luta.

“Há 10 anos, o Bloco Afro Angola Janga surgia como um farol de cultura e emancipação do povo preto no carnaval de BH, carregando no nome a força de Palmares e a ousadia de Zumbi. Cada ano, cada passo, cada batida foi um ato de reafirmar nossa história e celebrar a liberdade que ainda construímos”, comemorou o grupo nas redes sociais. 

Neste sábado (15), o Angola Janga ensaia na Pulse Arte, na rua São Paulo, 978, em frente ao Shopping Cidade, a partir das 14h, de forma totalmente gratuita.

Para saber mais informações, acesse o perfil no Instagram @blocoangolajanga.

Truck do Desejo

O bloco Truck do Desejo foi fundado em 2018, em Belo Horizonte, por um grupo de amigas que percebeu a falta de um carnaval voltado ao protagonismo de pessoas lésbicas, bissexuais, não-binárias, transmasculinos e travestis na capital.

Por essa razão, elas pensaram na criação de um espaço seguro, para que mulheres e pessoas trans pudessem viver o orgulho de sua experiência e de se expressar artisticamente. Assim surgiu o bloco.

“A Truck defende sobretudo o direito à vida digna e ao pleno exercício da cidadania. Por meio de elementos da cultura LGBTQIA+, apresentamos em nossas construções, cujo ápice se dá em forma de cortejo carnavalesco, um discurso que destaca nosso desejo de viver”, explica Lara Sousa, militante dos Direitos Humanos e co-fundadora do bloco. 

Para o carnaval deste ano, as expectativas são as melhores possíveis, tendo em vista o crescimento da festa no município. Outro fator animador é a experiência do último carnaval, onde o bloco recebeu cerca de 100 mil pessoas.

“Em 2024, tivemos 100 mil foliões e foliãs. Em 2025, estimamos um aumento de até 50 mil. O carnaval de 2025 pode revelar números extraordinários”, comenta Lara. 

Neste ano, o cortejo do bloco tem como tema “O brejo encantado”, que teve como inspiração o ecossistema, cada vez mais ameaçado.

O cortejo acontece na via 710, próximo à Leroy Merlin, às 9h da terça-feira (4) de carnaval.

Foto: Barbara Junqueira

Fonte: Brasil de Fato

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