Governo Maduro diz que extrema direita planeja ‘autoproclamação’ de Edmundo González fora da Venezuela
Ministro Diosdado Cabello diz que plano para empossar opositor foi redigido por Enrique Márquez, preso nesta quarta (8)
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, confirmou na noite desta quarta-feira (8) a prisão do ex-candidato presidencial Enrique Márquez e alegou que o político estava envolvido em um suposto plano de golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro.
Segundo Cabello, o plano tinha como objetivo empossar González em uma embaixada venezuelana no exterior, a fim de estabelecer um
“governo provisório”.
“Enrique Márquez é parte do golpe de Estado que queriam dar na Venezuela”, acrescentou o ministro, na esteira da posse presidencial de Maduro, que ocorre na próxima sexta-feira (10) por sua vitória nas eleições de 28 de julho.
O representante do governo revelou detalhes do suposto plano para ignorar a Constituição e estabelecer uma Presidência paralela fora do país, ao empossar o opositor de extrema direita, Edmundo González Urrutia, como presidente. González ficou em segundo lugar nas eleições.
Em seu programa Con el Mazo Dando, Cabello apresentou um documento de 21 páginas que teria sido escrito por Márquez e pelo advogado Sergio Urdaneta, intitulado
“Proposta urgente para 10 de janeiro, documento de circulação restrita”.
Ainda de acordo com o ministro venezuelano, o documento foi descoberto no computador de Márquez e estava endereçado a opositores como Antonio Ledezma (ex-prefeito de Caracas), Asdrúbal Aguiar e Humberto Calderón Berti.
O ministro ainda denunciou o plano como inconstitucional, citando o artigo 231 da Constituição venezuelana, o qual determina que as posses presidenciais ocorram perante a Assembleia Nacional dentro do território nacional.
Cabello relacionou a descoberta do plano golpista à recente prisão de opositores vinculados a atos inconstitucionais no país, incluindo dois estadunidenses:
“um funcionário de alto escalão do FBI” e “uma autoridade militar”.
O ministro também confirmou a prisão de Rafael Tudares, genro de González.
“[Márquez] tem ligações com o gringo do FBI e com o genro do ‘imundo'”, disse Cabello referindo-se ao opositor.
Ensaio para golpe
A cerimônia de posse presidencial de Maduro está marcada para sexta-feira, 10 de janeiro, às 12h locais (13h em Brasília), no Parlamento venezuelano.
González, que pediu asilo na Espanha em 8 de setembro, ameaça retornar à Venezuela para intervir na posse de Maduro. O opositor está em uma viagem que o levou à Argentina, Uruguai e Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden e representantes de seu futuro sucessor, Donald Trump. Depois, foi ao Panamá, onde entregou supostas cópias das atas emitidas pelas urnas que, segundo ele, comprovariam a vitória da oposição.
A última parada é a República Dominicana, onde ele planeja se encontrar com o presidente Luis Abinader, antes de avaliar a possibilidade de um voo de uma hora para Caracas.
As autoridades venezuelanas — que oferecem U$ 100 mil (R$ 613 mil reais) por sua prisão — já alertaram que, se ele chegar ao país,
“será preso imediatamente”,
uma vez que foi indiciado juridicamente por publicar um site com atas eleitorais falsas após o pleito e sofre acusações por atos de insurreição no país.
Foto/Fonte: Brasil de Fato