Leonardo Fonseca

Guaranis estão reunidos em Maricá para troca de conhecimentos sobre saúde e transmissão da cultura para as novas gerações

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Trabalho é acompanhado por pesquisadores de projeto da Biotec que, em conjunto com os indígenas, busca avanços no uso de fitoterápicos

Pajés e outros representantes dos guaranis do estado do Rio de Janeiro estão reunidos em Maricá, na Aldeia Mata Verde e Bonita, para dias de trocas de conhecimento e realização do VI Seminário Internacional América Indígena. Com foco em saúde, o encontro tem como missão transmitir os conhecimentos milenares sobre plantas medicinais para as novas gerações do povo indígena.

O trabalho é acompanhado pela Biotec Maricá que, através da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), apoia o evento, assim como a prefeitura municipal. A organização do evento é da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Secretaria Estadual de Saúde.

Herança

Para a cacica Jurema Nunes, anfitriã que está recebendo os pajés anciãos (um deles, Agostinho Silva, da Aldeia Araponga, em Paraty, tem 106 anos), o evento é importantíssimo para a manutenção da cultura guarani.

“A gente vai conversar com os jovens para passar para eles o que é a nossa cultura, como deve ser a vivência na aldeia. Vamos passar conhecimentos dos pajés. Na nossa casa de reza vamos fazer nossos cantos e danças” afirmou Jurema, à frente da Mata Verde e Bonita.

Evolução tecnológica

Computadores, carros e celulares são coisas de indígenas, bem como de todos os seres humanos. E eles lançam mão da tecnologia para manter a cultura, seja cumprindo aspectos burocráticos com o governo, seja na comunicação entre eles.

“Mas tem que cuidar para usar tudo e manter a cultura. Esse encontro é bom para levar aos jovens o nosso conhecimento e explicar que não é ser contra a modernidade, mas buscar manter as nossas tradições. A gente sempre será guarani”, avaliou o cacique Algemiro Silva, da Aldeia Sapukaia, em Angra dos Reis.

Intercâmbio

O evento está sendo acompanhado pela Biotec Maricá, através do projeto Farmacopeia Mari’ká. Pesquisadores estão trabalhando com os indígenas na identificação de plantas medicinais e seus usos numa troca de conhecimentos tradicionais e científicos. Nos povos indígenas, este conhecimento é guardado pelos pajés.

“Esse encontro é uma tentativa desse povo de passar o conhecimento dos anciãos para os jovens e para fortalecer a cultura deles. Estamos acompanhando com todos os cuidados, respeitando a legislação 13.123 de 2015, que exige uma série de protocolos para acessar esse conhecimento. É uma cooperação entre conhecimentos postos no mesmo patamar e que pode beneficiar todos em conjunto, respeitando o crédito do que é tradicional e com um potencial de inovação muito grande”, avaliou Izabel Missagia, professora da UFRRJ, antropóloga e uma das coordenadoras do Farmacopeia.

Programação

08/11
Parte da manhã:  Roda de Conversa sobre juventude, território e saúde. Na Aldeia Mata Verde e Bonita, em São José de Imbassaí
18h a 0h: pajelança na Casa de Reza (restrições de público)

09/11
VI Seminário Internacional América Indígena
Local: Espaço IDR (Instituto Darcy Ribeiro), na Rua Prefeito Ivan Mundin, Lt 12, Qd 05, esquina com a Rua Caibar de Souza Shutel. Bairro Boqueirão, Maricá

8h30 – Acolhimento
9h – Abertura com os caciques das aldeias Mata Verde Bonita e Céu Azul, representantes da UFRRJ, UERJ, CEDIND, secretarias municipais de Direitos Humanos e Saúde de Maricá, Instituto Darcy Ribeiro e Biotec/Codemar
9h30 – Apresentação do Coral Guarani
10h30 – Mesa 1: “Experiência em Saúde e Sustentabilidade nos Territórios”, por Luiz Henrique Chad Pellon (UNIRIO), representantes da Secretaria de Saúde Maricá e Fábio Henrique Arevalo (PUC-SP)
12h – Apresentação de painéis sobre os trabalhos nas escolas indígenas de Maricá
14h – Mesa 2: “Conhecimentos Tradicionais e Saúde”, por Graciela Pagliaro (SES-RJ/ Rede Raízes), Paulo Basta (ENSP) e Amarildo Nunes (Aldeia Mata Verde Bonita)
16h30 – Conferência: “Condições sociais causadas pelas mudanças climáticas em mulheres e adolescentes de povos indígenas das terras baixas da Bolívia”, por Miguel Angel Canaza (UMSA – Bolívia)

Foto: Leonardo Fonseca
Fonte: Codemar

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