Cine Henfil recebe noite de autógrafo da biografia da atriz Léa Garcia
Artista esteve presente junto do autor Júlio Cláudio Lima para autografar o livro “Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: A Trajetória e o Protagonismo de Léa Garcia
A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura, promoveu na terça-feira (08/08) uma noite de autógrafo da biografia da atriz Léa Garcia, no Cine Henfil. A artista esteve presente para autografar o livro “Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: A Trajetória e o Protagonismo de Léa Garcia”, acompanhada do doutor em História da Universidade da Amazônia, Júlio Cláudio da Silva, autor do projeto.
Durante o evento, foi apresentado o documentário
“Eu sou Tereza de Benguela”, produzido pela Secretaria de Cultura e dirigido por Wavá de Carvalho, com depoimentos de mulheres negras que se sentiam representadas pela líder quilombola que deu visibilidade ao papel da mulher negra na história do Brasil. Ela liderou, por 20 anos, a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia.
Reconhecido internacionalmente, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi criado pela Organização das Nações Unidades (ONU), durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, no ano de 1992.
Homenagem aos 70 anos de carreira da atriz
Após o “Eu sou Tereza de Benguela”, foi exibido um documentário com parte de sua trajetória e com depoimentos de artistas consagrados, como Glória Pires, Antônio Pitanga, Milton Gonçalves (falecido em 2022), em homenagem aos 70 anos de carreira de Léa Garcia, celebrado no ano passado.
Emocionada, a atriz falou sobre a honraria recebida pela Prefeitura de Maricá e mencionou a vontade de viver em Maricá.
“A emoção é grande porque de longa data eu sempre expresso a minha vontade de residir aqui, pela cidade em si, por todo o trabalho que é desenvolvido com relação à cultura, educação e ao meio ambiente. É uma cidade que proporciona um bem-estar ao seu povo e a tudo que o município pode oferecer”, declarou a artista que completou 90 anos neste ano.
O secretário de Cultura de Maricá, Leandro DaSilva, enalteceu a representatividade da atriz em uma época em que a mulher não tinha muita visibilidade no cenário artístico brasileiro.
“A Léa Garcia é um ícone da TV brasileira que quebrou barreiras por ser uma mulher negra nos anos 1950 e causou uma revolução imensa no cenário artístico da época. Esse livro é importante para estudantes de História e Artes Cênicas para que possam conhecer um pouquinho da trajetória de uma atriz negra. Esse evento só tem a engrandecer o município”, afirmou.
Como surgiu a biografia de Léa Garcia
Autor da biografia, o professor da Universidade do Estado do Amazonas e do programa de pós-graduação em História da Universidade Federal do Amazonas, Julio Claudio da Silva, explicou que a biografia da Léa Garcia se deu a partir do seu doutorado com estudo sobre a trajetória da Ruth de Souza (falecida em 2019) e de outras atrizes negras egressas do Teatro Experimental do Negro (TEN), surgido na década de 1940.
“A ideia do livro é exatamente trazer o reconhecimento da historicidade da trajetória das atrizes negras. Dona Léa Garcia é precursora, rompe barreiras, é uma dessas mulheres negras que contribui para transformar o espaço de representatividade negra na sociedade brasileira. A escolha de um ofício que é hegemonicamente ocupado por cidadãos brancos e acho importante que essa história da personagem seja acessível para todos”, pontuou.
Amiga há 30 anos da atriz, a aposentada Maria Lúcia Santos, de 84 anos, estava ansiosa para ler a biografia escrita pelo professor.
“Pela segunda vez, a Léa vem a Maricá e isso me traz uma alegria imensa. Eu conheço parte da história dela, mas quando vem uma outra pessoa, um jovem que também faz parte da vida da gente de militância, contar a história dessa atriz é maravilhoso”, contou.
Em novembro de 2022, a atriz esteve na cidade e recebeu uma Moção Honrosa em homenagem aos 70 anos de carreira. Na ocasião, Léa Garcia participou de um bate-papo em comemoração ao mês da Consciência Negra, no Cine Henfil, que contou com 175 pessoas.
Foto: Clarildo Menezes