Novos moradores de Maricá se encantam com os jardins comestíveis
Iniciativa da Prefeitura é encontrada nas praças agroecológicas onde são colhidas hortaliças, temperos, frutas e legumes de graça pela população
A política pública de Maricá sobre segurança alimentar é uma das iniciativas que impulsionou o aumento populacional do município em 54,87%, chegando a 197.300 habitantes conforme dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 anos, quase 70 mil pessoas se mudaram para Maricá em busca de qualidade de vida e os jardins comestíveis são alguns dos atrativos de Maricá.
Nesses locais, encontrados na Fazenda Pública Joaquin Piñero, no Espraiado, e nas praças agroecológicas de Araçatiba, Flamengo, Guaratiba, Parque Nanci, Itapeba e Marine (São José do Imbassaí), moradores e turistas encontram alimentos orgânicos e sem agrotóxicos. A manutenção é feita pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento com colheitas às sextas-feiras, agendadas de acordo com o desenvolvimento das culturas e divulgadas para os moradores por meio dos canais oficiais da prefeitura.
Patrícia da Costa Silva, de 43 anos, está entre os 69.839 moradores que escolheram Maricá como domicílio desde 2010. Divorciada e com dois filhos adultos, ela era cuidadora de idosos e morava sozinha em São Gonçalo. Com problemas de depressão e ansiedade, Patrícia buscava um lugar com melhor qualidade de vida. Foi quando conheceu Maricá em 2018, após passar o Carnaval na cidade. Vendeu sua casa em São Gonçalo e comprou um terreno no ano seguinte em Manoel Ribeiro. Lá, Patrícia construiu sua casa e no quintal fez uma horta com as culturas encontradas na Praça Agroecológica de Araçatiba.
“Gostei daqui pela tranquilidade do lugar e minha saúde mudou muito. Não tomo mais remédios por causa da depressão e tudo começou aqui nessa praça. Não sabia plantar nada e fiquei apaixonada quando cheguei aqui e vi uma praça cheia de plantações. Fiz os cursos e hoje tenho uma horta na minha casa com chuchu, banana, alface, couve, alho poró, salsinha, cebolinha, repolho, beterraba, jiló, orégano, tomilho”, contou Patrícia, que hoje trabalha em uma feira de produtos orgânicos aos domingos, em Araçatiba, vendendo os produtos que planta em sua horta.
Além de aprender as técnicas de plantio, a moradora de Manoel Ribeiro também participa do projeto de compostagem da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, onde todas as sextas-feiras traz alimentos crus que são usados para adubo e em troca leva mudas e sementes para casa.
“Esse projeto é muito interessante por reduzir o lixo, a gente aprende a separar o orgânico do reciclado. É um lixo do bem que vai adubar nossas plantas”, afirmou.
”Aqui é o jardim da nossa casa”, disse morador
O capixaba Getúlio Brites, de 68 anos, morava em São Gonçalo e sempre frequentou o município onde duas filhas moram há mais de dez anos – ele tem outro filho que está buscando um terreno na cidade. Depois que aposentou, há três anos, se mudou para um apartamento vizinho à Praça Agroecológica de Araçatiba. Ele brinca que virou um síndico do local.
“Aqui é o jardim da nossa casa. Quando queima uma lâmpada ou alguém está na praça ainda fechada eu ligo avisando. Cuido da praça porque gosto daqui e é um benefício para todos”, disse.
Para Getúlio, a praça é um jardim comestível e de onde leva mudas e sementes para plantar nas casas de suas filhas, que moram no Marquês e no Parque Nanci.
“Gosto da taioba, almeirão, pimenta da Jamaica que dá um sabor delicioso em carnes. Em dias de colheita, aqui faz fila para as pessoas receberem os alimentos. Esse projeto tem que ir para mais lugares”, declarou.
Casa de veraneio virou oficial em 2022
A tranquilidade do lugar, aliada a qualidade de vida e ao povo cordial, fez Antônio Renato Cézar de Andrade, de 62 anos, casado e pai de quatro filhos, hoje adultos, transformar a casa de veraneio, em Araçatiba, em residência oficial. “Há 30 anos tenho uma casa aqui. Saia de Laranjeiras, no Rio, e vinha todo fim de semana curtir a casa de praia em Maricá. Sempre disse que quando me aposentasse, iria virar a chave e colocar Maricá como minha residência oficial. Foi o que fiz em fevereiro de 2022”, contou o servidor público federal aposentado, formado em Ciências da Computação.
“Sempre gostei daqui pela tranquilidade, pela ausência do estresse que a gente vive nos grandes centros urbanos. Aqui você consegue sorrisos, seus vizinhos te dão bom dia, as pessoas param para você atravessar uma rua, as pessoas olham com ternura, como se toda cidade acolhesse a comunidade para vivermos de forma tranquila”, acrescentou.
Atualmente, Antônio presta serviços de consultoria de gestão pública e sempre participa das colheitas na Praça Agroecológica do bairro próximo à sua casa, contribui com alimentos para o projeto municipal de compostagem e leva as mudas para plantar em sua horta.
“Essa praça é meu xodó. Gosto muito de plantas e ervas. Tenho muitas arvores frutíferas, aipim, milho e daqui levei mudas de pimenta da Jamaica, capim-limão e citronela. Também trago a cada 15 dias cascas de frutas e de ovo, borra de café para ajudar com o adubo. É uma cadeia circular e autossustentável”, destacou o morador de Araçatiba.
Foto: Clarildo Menezes