Maricá conhece projetos contra desperdício de alimentos na Espanha

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Prefeito Fabiano Horta participou de reunião nesta segunda-feira (19/06), onde apresentou os jardins comestíveis da cidade

O prefeito de Maricá, Fabiano Horta, participou nesta segunda-feira (19/06) de uma reunião com representantes da cidade de Valência, Espanha, no primeiro dia da missão “Diálogos da União Europeia-Brasil”. Fabiano visitou o Centro de Inovação Social e Urbana, conhecido como Les Naves, um espaço para troca de conhecimento e de capacitação, e também conheceu projetos de combate à fome, desperdício de alimentos e transição para a agroecologia. O prefeito viajou para o Velho Continente no sábado (17), a convite da Embrapa Alimentos e Territórios, onde segue até o dia 27/06 conhecendo programas e políticas de alimentação urbana. Durante sua estadia, Fabiano também está falando da experiência desenvolvida por Maricá em segurança alimentar por meio das praças agroecológicas.

 

O programa da missão iniciou por Valência, cidade que possui um programa municipal de hortas urbanas e lidera a produção de orgânicos na Espanha, com visita ao Centro Mundial de Valência para Alimentação Urbana Sustentável (Cemas). Outra iniciativa é o Consell Alimentari, órgão consultivo que, entre outras atribuições, fortalece a conexão entre pequenos produtores e a alimentação escolar. Em Barcelona, acontece uma reunião sobre o Projeto Alimenta – modelo que garante o direito à alimentação de forma inclusiva com criação de restaurante e cozinhas comunitárias.

 

Fabiano Horta apresentou o projeto dos jardins comestíveis — encontrados na Fazenda Municipal Pública, nas praças agroecológicas de Araçatiba, Flamengo, Guaratiba, Parque Nanci, Itapeba e Marine (São José do Imbassaí) e nas hortas urbanas vizinhas ao asfalto – que tornaram o município referência em segurança alimentar. Nesses locais são produzidos alimentos sem agrotóxicos e que podem ser colhidos de graça por moradores e turistas.

 

“Nosso principal programa é desenvolvido nessas áreas urbanas que estão disponibilizadas para a prática agroecológica. Temos difundido muito o saber da agroecologia, da produção que dialoga com nossas redes de escolas, hospitais e esses centros distributivos, mas que acima de tudo, tem formado e ajudado a capacitar os produtores agroecológicos”, declarou o prefeito, que está na Europa acompanhado do vereador e ex-secretário de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Julio Carolino.

 

O prefeito viajou na companhia de representantes de mais quatro municípios brasileiros: Curitiba (PR), Recife (PE), Rio Branco (AC) e Santarém (PA). A missão integra o projeto “Cidades e Alimentação: Governança e Boas Práticas para Alavancar os Sistemas Alimentares Urbanos Circulares”, financiado pela União Europeia no Brasil por meio do programa Diálogos UE-BR.

 

A troca de experiências com as cidades europeias tem como objetivo fortalecer os sistemas alimentares urbanos. Os representantes brasileiros visitam, até o dia 27 de junho, as cidades de Valência (terça-feira, 20/06) e Barcelona (21 e 22/06), na Espanha; Turim (23/06) e Milão (24 e 25/06), na Itália; Gante (26/06) e Bruxelas (27/06), na Bélgica. Na capital da Bélgica, a comitiva brasileira terá encontros bilaterais com representantes dos departamentos da Comissão Europeia envolvidos em ações de fortalecimento de sistemas alimentares urbanos sustentáveis.

 

Estudos de casos de sistemas alimentares urbanos

 

O objetivo é também fazer estudos de casos sobre sistemas alimentares urbanos de forma sustentável com as cidades participantes do Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares (LUPPA) para o desenvolvimento de políticas públicas com as diretrizes do Pacto de Milão que Maricá também aderiu. O município se tornou referência mundial em agroecologia e agricultura urbana com as recentes participações em eventos internacionais em 2022, como o 8º Fórum Global do Pacto de Política Alimentar Urbana de Milão, realizado em outubro no Rio de Janeiro, e a Conferência da ONU de Mudanças Climáticas, a COP27, que ocorreu em novembro, no Egito.

 

Em abril, equipes do (LUPPA) da Embrapa conheceram os projetos de segurança alimentar implantados em Maricá, entre eles as iniciativas existentes, como as praças agroecológicas, a Fazenda Municipal Joaquim Piñero, a Fábrica de Desidratados e o Restaurante Municipal Mauro Alemão. A troca de experiências entre as cidades brasileiras e europeias iniciou em janeiro deste ano com reuniões virtuais. A iniciativa conta com apoio do Instituto Comida do Amanhã, da organização não-governamental Governos Locais para a Sustentabilidade – ICLEI América do Sul e a ONG WWF-Brasil.

 

Roteiro na Europa

 

Na Itália, a comitiva participa de reunião técnica sobre política de alimentação urbana do Pacto de Milão e conhecem, em Turim, o projeto orgânico Porta Palazzo, que recupera alimentos não vendidos para distribuir gratuitamente e destina resíduos orgânicos para compostagem. Ao longo de quatro anos, foram redistribuídos mais de 450 toneladas de alimentos e a taxa de reciclagem aumentou de 45% para 89%. Ao mesmo tempo, o projeto capacita cidadãos voluntários para administrar as operações diárias do mercado por meio de estágios e oportunidades de engajamento cívico. Após o sucesso inicial, o projeto se expandiu para mais seis mercados e implementou uma cozinha solidária para preparar refeições frescas gratuitamente com o excedente das feiras livres.

 

O roteiro em Gante, cidade no noroeste da Bélgica com 200 mil habitantes, inclui iniciativas sobre redução do desperdício de alimentos, fortalecimento a circuitos curtos de produção e consumo, redistribuição de alimentos, hortas pedagógicas e ações que conectam varejo com organizações sociais. Os principais projetos são o “Foodsavers Ghent” – plataforma que coleta excedentes de alimentos dos mercados da cidade e os redistribui para bancos de alimentos, restaurantes sociais e mercados sociais do município – e o “De Goedinge”, onde a cidade empresta o terreno a um consórcio de agricultores que pode usá-lo gratuitamente para montar um projeto agrícola sustentável que envolve tanto os “novos” produtores quanto os tradicionais e oferece emprego social.

Foto: Divulgação

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