Moeda social de Maricá e demais políticas públicas atraem pesquisadores de universidades da Escócia, Suécia e São Paulo
Comitiva visitou a cidade e esteve na Codemar para conhecer projetos que atuam em parceria com a Mumbuca
A moeda social Mumbuca continua atraindo olhares de diversos países para Maricá, porque além de beneficiar maricaenses, a iniciativa inspirou outros municípios da região à implantação da ferramenta de economia solidária e transferência de renda. Professores e pesquisadores das universidades de Glasgow, da Escócia; Lunds, da Suécia; e Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, realizaram um tour por Maricá para conhecer mais sobre a política pública social, sua aplicação e desenvolvimento. A comitiva visitou a sede da Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maricá), nesta terça-feira (14/02) e pôde conferir projetos que irão fortalecer a moeda social, além de conversar sobre uma possível parceria de planejamento e otimização de dados, já que o grupo é composto por especialistas no assunto.
“Esse grupo veio para o Rio de Janeiro fazer um tour pelas cidades que estão adotando o modelo da moeda social de Maricá, e eles estiveram em Maricá para conhecer o que a gente está fazendo de novo. A Codemar pôde apresentar projetos que estão conectados à Mumbuca e isso foi muito interessante para colher a boa impressão que esses pesquisadores tiveram. São estudiosos de moedas locais, complementares e sociais que estudam casos de moedas em várias regiões do mundo e ficaram impressionados com o que a gente está construindo aqui”, comentou o presidente da Codemar, Hamilton Lacerda.
Para o superintendente de desenvolvimento tecnológico da Codemar, Danilo Pitarello, foi importante construir pontes com estudiosos que atuam também com técnicas de anonimização de dados (uso de dados retirados de programas e projetos), podendo amparar a tomada de decisões de políticas públicas.
“Já combinamos de continuar com as conversas e explorar possibilidades de parceria. Com essas parcerias a gente pode construir outras soluções e melhorar o que estamos implementando nesta cidade que está preocupada com a inclusão social, mas também preocupada com o avanço tecnológico e a gestão de seus dados”, explicou Pitarello.
Na Universidade de Glasgow, na Escócia, no Reino Unido, os pesquisadores recolhem dados de projetos e os concentram para um processo de limpeza e anonimização para que sejam respeitadas a privacidade das pessoas, para, então, torná-los disponíveis para pesquisas. Para o professor em Análise Urbana e diretor associado do Urban Big Date Centre da Universidade de Glasgow, João Porto de Albuquerque, será interessante verificar como será possível usar os dados dos projetos de Maricá, que hoje estão separados, para agregar, extrair valor e entender melhor o que está acontecendo nesses territórios.
“Então todo projeto de desenvolvimento, como esses projetos fantásticos da Codemar, tem um potencial muito grande de utilizar esses dados para melhorar as políticas públicas. É isso que a gente faz no nosso Centro. Nosso Centro de fato olha para os dados para tentar extrair valor, melhorar a qualidade, avaliando e desenhando políticas públicas urbanas”, comentou o professor João Porto se referindo ao projeto de desenvolvimento de aplicativos.
Boas experiências na região
A comitiva de pesquisadores visitou, além de Maricá, municípios do Leste Fluminense da Região Metropolitana, como Cabo Frio, Iguaba Grande, Saquarema, Itaboraí e Niterói. O professor e pesquisador do Centro de Estudo de Microfinanças e Visão Financeira da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Eduardo Diniz, que também é pesquisador do Centro de Políticas Urbanas da Universidade de Glasgow, acompanha Maricá desde 2014 e veio na comitiva para também entender como municípios tão diferentes estão desenvolvendo o programa.
“Particularmente, acreditamos muito nessas políticas públicas de renda básica e acreditamos também no poder da moeda local de contribuir para economia do município. Essa combinação de renda básica com moeda local é avaliada como uma combinação poderosa. Conhecemos pesquisas fora do Brasil, e é uma novidade, existe pouco conhecimento a respeito disso. E a gente tem aqui, numa região única do Rio de Janeiro concentrada uma série de experiências diferentes que usam muita criatividade para desenvolver essas políticas públicas”, avaliou o professor Eduardo Diniz.
A professora de Empreendedorismo Social da Escola de Economia e Administração da universidade de Lunds, da Suécia, Ester Barinaga, completou explicando que as moedas locais são instrumentos para implementar políticas públicas. No Rio de Janeiro, ela pôde observar municípios com população com distintas necessidades, prioridades e recursos naturais.
“É importante entender como as localidades puderam elaborar sua moeda se adaptando às necessidades da sua gente. Aqui no Rio, em tão pouco espaço existem muitos municípios implementando moedas locais de maneiras diferentes, por isso é interessante ver a criatividade. Maricá é muito inspiradora, primeiro porque já atua com moedas locais há alguns anos, então pode mostrar como funciona, como reeduca a forma de pensar no desenvolvimento do município com as políticas públicas. É um local que está desenvolvendo muitos programas não só na renda básica, mas em outras áreas como tecnologia, educação, empreendedorismo e outros que são apoiados pela Mumbuca”, observou.
Codemar em ação
Durante a visita na Codemar, foram apresentados projetos como o Maricá Telecom, pelo diretor comercial Fabiano Veloso; projetos e aplicativos de inovação tecnológica, também ganharam destaque com o superintendente Danilo Pitarello; o diretor de Economia Criativa e Sustentabilidade, Paulo Neto, conversou com os visitantes sobre o Polo de Moda de Maricá, a futura Universidade do Samba e o Caminho das Artes. A subsidiária da Codemar, Biotec Maricá, através do diretor de Pesquisa de Desenvolvimento e Inovação (PDI), Leonardo Lima, também teve espaço exemplificando programas que têm feito a diferença na agroecologia, tecnologia de alimentos e fármacos na cidade
Foto: Leonardo Fonseca
Fonte: Codemar