Políticas Inclusivas de Maricá realiza workshop sobre atenção às pessoas egressas do sistema penitenciário
Workshop sobre atenção às pessoas egressas do sistema penitenciário
A Prefeitura de Maricá, por meio a Secretaria de Políticas Inclusivas, promoveu nesta terça-feira (24/05) o primeiro workshop para apresentação dos resultados obtidos pelo Escritório Social de Maricá junto a pessoas egressas do sistema penitenciário. O espaço, aberto no fim de 2019, é uma parceria entre a Prefeitura e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e atualmente atende a 112 pessoas egressas do sistema, das quais 44 já se recolocaram no mercado de trabalho formal. O encontro reuniu representantes dos dois órgãos e de organizações não-governamentais, que também trabalham com essa população, no auditório do Banco Mumbuca, no Centro.
Os números atuais foram fornecidos pela responsável pelo Escritório Social na cidade (há outros 35 como este em 22 estados brasileiros), Eliane Ferraz, ao antecipar que as ações vão chegar a diferentes comunidades de Maricá.
“Além do acolhimento ao egresso e a sua família, nós oferecemos cursos de capacitação e também providenciamos documentação aos que não têm. Até hoje, nenhum dos nossos atendidos retornou para a criminalidade, e isso é uma vitória para nós porque nos mostra que é possível”, garante ela, que atua no setor há mais de 20 anos.
Escritório Social de Maricá dá suporte a egressos e seus familiares
O secretário de Políticas Inclusivas, Clauder Peres, afirmou que o escritório dispõe de estrutura formatada para preparar o egresso e sua família para a vida fora da prisão. O próximo passo, segundo ele, é trabalhar junto ao pré-egresso, aquele que está prestes a deixar o sistema penitenciário. “Quando a pessoa sai de lá, sai bastante desorientada sobre como agir e quando encontra esse suporte é um alento. Fazemos um trabalho preventivo”, ressaltou Clauder.
Uma das ONGs que participaram do workshop foi a Rede de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário (RAESP), que atua no estado do Rio desde 2018 com parceiros como a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SEAP). Uma das líderes da organização, a assistente social Edite Rosa de Mesquita, comenta que o avanço deste trabalho em Maricá foi grande mesmo durante o auge da pandemia.
“O exemplo de Maricá deve ser seguido por todo o estado e até por outras cidades do país. O trabalho que se observa aqui é o que precisamos multiplicar porque, como não existe prisão perpétua, as pessoas vão sair de lá e precisam estar prontas para sair e não voltar mais”, pondera ela, ao lado de Bárbara Mariano, líder da ONG Eu Sou Eu, formanda de Jornalismo e também ex-presidiária. “O grande desafio é descontruir essa imagem de que quem está lá é alguém irrecuperável, porque é possível e eu sou um exemplo disso”, garantiu Bárbara.
Testemunhas das ações de acolhimento e direcionamento
Na plateia, havia outros egressos do sistema prisional que deram seu testemunho sobre o trabalho do Escritório Social. Um deles foi o designer e compositor Antônio Ancélio Lira Sales, de 44 anos, conhecido como ‘Brou’. Ele contou que era um dos gerentes do tráfico de drogas na favela da Rocinha (Zona Sul do Rio) e que, ao sair da prisão, se mudou para Maricá, onde encontrou o acolhimento que precisava.
“Se não tivesse encontrado esse suporte aqui, talvez eu estivesse de volta ao crime porque, diferente da sociedade e do mercado de trabalho, o crime não fecha portas. Hoje, tenho trabalho e qualificação, tudo graças ao suporte que recebi na cidade”, afirmou ele.
O Escritório Social funciona na sede da Secretaria de Políticas Inclusivas, que fica na Avenida Antônio Vieira Sobrinho, nº 333, no Parque Eldorado.
Foto: Marcos Fabrício