Fonoaudiologia e a reabilitação de pessoas que tiveram Covid-19
A disfagia é a principal sequela apresentada por pacientes que precisaram ser internados e é reversível
Os profissionais da Fonoaudiologia tem um papel fundamental nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) destinadas ao tratamento da Covid-19 e também na recuperação de pessoas com sequelas da doença.
Resultados preliminares de um estudo do HCor (Hospital do Coração) e do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS) mostram que 88% dos pacientes graves internados com Covid-19 apresentam dificuldades para engolir alimentos, líquidos ou saliva. Essa sequela é mais frequente em idosos, mas também foi identificada em jovens infectados de forma grave.
Essa alteração de deglutição é chamada de disfagia e pode levar à desnutrição e desidratação. Os engasgos podem desenvolver até uma pneumonia, se o paciente aspirar alimentos. A sequela é reversível, mas demanda reabilitação precoce ainda no hospital.
Cerca de 59% das pessoas com disfagia precisaram de intubação para o tratamento; e 11% foram submetidos à traqueostomia, que auxilia na respiração, segundo o mesmo estudo.
Ação do fonoaudiólogo
Dentro de uma equipe multidisciplinar, o fonoaudiólogo é o responsável por coordenar a respiração com a deglutição; e assim, evita o surgimento de uma broncoaspiração e que alimentos entrem nos pulmões.
Os pacientes que evoluem para o quadro mais grave da doença apresentam necessidade de intubação orotraqueal, chegando a ficar entre 10 e 14 dias entubados, respirando por meio de ventilação mecânica. Com a recuperação, e retirada do tubo orotraqueal (extubação), alguns pacientes podem evoluir para um distúrbio da deglutição.
É justamente neste momento que o fonoaudiólogo também entra em ação: na fase de maior estabilidade do quadro clínico do paciente para realizar a avaliação e intervenção fonoaudiológica.
Isso pode acontecer via consulta, terapias diretas ou indiretas de cognição, motricidade orofacial, deglutição, respiração ou alterações na comunicação nos estágios de tratamento pós intubação orotraqueal.
É importante observar o quadro respiratório do paciente com Covid-19, pois a falta de coordenação entre a deglutição e a respiração é fator de alto risco para broncoaspiração.
Outra sequela que tem tratamento é a perda ou diminuição do olfato. Uma pesquisa publicada em janeiro deste ano no Journal of Internal Medicine revelou que 86% dos pacientes infectados com o novo coronavírus apresentaram alguma disfunção olfatória, que pode, inclusive, demorar meses até ser recuperada.
Fonte: CREFON – Conselho Regional de Fonoaudiologia
Conselho Regional de Fonoaudiologia – 1ª Região é um órgão de fiscalização do exercício profissional do fonoaudiólogo no Rio de Janeiro. Criado pela Lei N° 6.965, de 09.12.81, e regulamentado pelo Decreto N° 87.218, de 31.05.82. Tem como principal objetivo a regulamentação, fiscalização e orientação do exercício da profissão de Fonoaudiólogo; bem como a observância de prestação de serviço fonoaudiológico de qualidade, um direito da sociedade.