Brasil na pandemia tem 500 mil mortos e futuro com expectativa de piora
Brasil tem 500 mil mortos
O Brasil chega a marca de 500 mil mortos pela covid-19 em uma semana de crescimento na média móvel de óbitos e de novos casos e com expectativas negativas para os próximo dias.
Sem nunca ter realmente saído da segunda onda da covid-19, o país vem observando nos últimos dias um ritmo maior de crescimento de casos fatais e infectados. O risco agora é de uma nova escalada nos números que já estão em um platô gravíssimo há meses.
Entre março e abril deste ano, o Brasil chegou a registrar 20 mil mortes e mais de 500 mil novos pacientes em alguns períodos. De lá para cá, houve diminuição de casos fatais, mas nunca abaixo de 10 mil óbitos por semana. Os novos pacientes a cada sete dias se mantiveram acima dos 400 mil.
A média móvel de casos (soma de todos os casos dos últimos sete dias, dividida por sete), estava em 66,5 mil no domingo (13). Na sexta-feira (18), o cálculo ultrapassou 72 mil, o que não era observado desde abril e está muito próximo ao recorde de 77 mil.
Também houve mudança rápida nos óbitos. De 1,6 por dia no começo do mês, a media de mortes ultrapassou 2 mil nesta semana. Há relatos de lotação de UTIs acima de 90% em mais de dez capitais, o que causa impacto direto nos casos fatais.
Segundo o divulgador científico Átila Iamarino, o Brasil lidera o ranking mundial de mortes em 2021. Na segunda-feira (14), ele divulgou um gráfico atualizado que aponta 293 mil mortes no período. Nenhuma outra nação registrou números tão negativos.
Na terça-feira (15), dados do Imperial College de Londres, mostravam que a taxa de transmissibilidade da doença voltou a alcançar patamares que indicam descontrole na propagação. O chamado “Rt” do Brasil ficou em 1,07. Isso significa que cada 100 infectados têm potencial de contaminar outras 107 pessoas.
Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, a médica de família e comunidade Nathalia Neiva dos Santos, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que o processo de imunização vem sendo encarado como única solução para o Brasil e que outras medidas vem sendo enfraquecidas.
“Quando se inaugura o período do lançamento das vacinas, é como se fosse atribuída a responsabilidade do controle da pandemia às vacinas. Os países que estão vacinando já estão demonstrando que somente a vacina não é suficiente”, alerta a médica.
Nathalia explica que a principal resposta da vacina é a diminuição dos casos graves e das mortes, “É preciso combinar as medidas não farmacológicas em um momento em que ainda há uma transmissão alta no país”.
A fórmula já é conhecida: incentivo ao isolamento social, medidas que possibilitem a quarentena, como o auxílio emergencial em valores razoáveis para o sustento das famílias e campanhas educativas para uso de máscara, distanciamento e higienização constante das mãos.
Sem essas medidas, a vacinação não tem potencial para frear a covid no curto prazo. Para considerar que o país alcançou a imunidade coletiva, é preciso, no mínimo, ter 75% da população imunizada. Atualmente, esse índice está um pouco acima de 11%
O alerta veio também da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em coletiva de imprensa na sexta-feira (18), membros da entidade apontaram que, no momento, a campanha de imunização exige medidas paralelas.
Segundo Mariângela Simão, vice-diretora da organização, é importante relembrar que a pandemia não terminou e continua a pressionar o sistema de saúde.
“Todos os esforços para a vacina precisam ocorrer em conjunto com o reforço de medidas de saúde pública”, ressaltou.
Fonte: Brasil de Fato
Edição: Leandro Melito
Foto: Mauro Pimentel/ AFP