Alessandra Negrini, Elza Soares e Daniela Mercury: cresce apoio à suspeição de Sergio Moro
Cresce apoio à suspeição de Sergio Moro
A carta enviada pelo Comitê Lula Livre ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspeição do ex-juiz Sergio Moro já reúne mais de 450 assinaturas. Estão com o movimento personalidades como Zeca Pagodinho, Elza Soares, Daniela Mercury, Lucélia Santos, entre diversos outros.
Desde a primeira lista de apoiadores, o movimento endossando o documento não para de crescer. O suporte vem de políticos, advogados e artistas ligados a diferentes vertentes.
A divulgação da carta ocorreu após a anulação das condenações do ex-presidente Lula (PT) que tiveram origem na 13ª Vara Federal de Curitiba – comandada por Sergio Moro- , decisão proferida pelo ministro Edson Fachin no dia 8 de março.
Ainda assim, o julgamento que analisa a suspeição de Sérgio Moro foi mantido. O placar atual tem dois votos favoráveis à condenação do ex-juiz no STF. No entanto, a sessão foi encerrada após pedido de vistas por parte do ministro Kássio Nunes.
A carta conclama o Supremo a anular todos os processos relativos a Lula “nos quais tenha havido participação dos procuradores da operação Lava Jato e do então juiz Sergio Moro, garantindo-lhe o direito a um julgamento justo conduzido por procuradores efetivamente públicos e por um juiz imparcial”.
Sete ex-ministros da Justiça, que antecederam Moro no Cargo também assinam o documento. São eles, José Carlos Dias, José Gregori, Renan Calheiros (dos governos FHC); Tarso Genro, Eugênio Aragão, José Eduardo Cardoso (dos governos Lula e Dilma) e Torquato Jardim (governo Temer).
A carta também conta com adesão dos cantores Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Emicida, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, das atrizes Camila Morgado, Bete Coelho, Dira Paes e Julia Lemmertz, do youtuber Felipe Neto.
Íntegra do manifesto (e, abaixo, a lista dos artistas que já assinaram):
CARTA AO STF SOBRE JULGAMENTO DE HC DE SUSPEIÇÃO
Os diálogos trazidos a conhecimento público em resposta a petições da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal, nas últimas semanas, demonstram haver reiteradas violações ao devido processo legal, bem como ao dever de imparcialidade da jurisdição e, ainda, dos deveres impostos aos membros do Ministério Público, nas investigações e nas ações penais da operação Lava Jato, em especial àquelas relativas ao ex-presidente.
Tais diálogos, examinados pela defesa com autorização judicial expressa, convergem para reforçar graves fatos contidos em habeas corpus trazido a esta Corte em novembro de 2018, com julgamento já iniciado, apontando a suspeição do julgador daquelas ações penais em relação ao ex-presidente Lula.
Todos possuem o direito a um julgamento justo, assim compreendido como aquele conduzido por um juízo ou tribunal independente e imparcial, e por meio da atuação de procuradores comprometidos, tecnicamente, com a função pública desempenhada, o que veda que figurem como advogados privados de acusação. A proibição do exercício de atividade particularista, político-partidária e ideológica consta do artigo 5º, inciso LIV, da Constituição brasileira de 1988; do artigo X da Declaração Universal dos Direitos Humanos; do artigo 14 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; do artigo 8º do Pacto de San José da Costa Rica; e, dentre outro, dos artigos 40, 54 e 67 do Estatuto de Roma.
Com efeito, o processo penal contemporâneo é informado por determinados princípios e regras que, muito além de qualquer formalismo procedimental, é uma decorrência da própria relação que se estabelece entre o Estado e os indivíduos em termos civilizatórios, bem como de tutela de direitos individuais face ao poder de persecução do Estado. Portanto, as violações ao direito a um julgamento justo não implicam em singelos desvios procedimentais, mas em severa lesão à própria democracia constitucional.
Assim considerando, conclamamos, por meio da presente carta, que o Supremo Tribunal Federal reconheça referidas violações e, consequentemente, acolha plenamente o habeas corpus e anule todos os processos relativos a Luiz Inácio Lula da Silva nos quais tenha havido participação dos procuradores da operação Lava Jato e do então juiz Sérgio Moro, garantindo-lhe o direito a um julgamento justo conduzido por procuradores efetivamente públicos e por um juiz imparcial.
Confira a lista de artistas que assinam a Carta:
- Alessandra Negrini
- Aline Morais
- Andrea Beltrão
- Antonio Grassi
- Bete Coelho
- Bruno Garcia da Silva
- Caio Blanco
- Camila Márdila
- Camila Morgado
- Cristina Mutarelli
- Cristina Pereira
- Daniel Dantas
- Debora Dudoc
- Denise Fraga
- Dira Paes
- Ernesto Piccolo
- Fábio Assunção
- Fernando Alves Pinto
- Gregório Duvivier
- Guilherme Weber
- Herson Capri
- Imara Reis
- Irandhir Gleriston Santos Pinto
- Julia Lemmertz
- Juliana Baroni
- Letícia Sabatella
- Lucelia Santos
- Maeve Jinkings
- Magali Biff
- Malu Valle
- Marcos Breda
- Maria Ribeiro
- Michele Malaton
- Olivia Bygton
- Orã Figueiredo
- Osmar Prado
- Otávio Müller
- Pally Siqueira
- Patrícia Pillar
- Paula Burlamaqui
- Paulo Betti
- Renata Bruel
- Rodrigo Bolzan
- Rogério Beretta
- Silvero Pereira
- Silvia Buarque
- Soraya Ravenle
- Tuca Moraes
- Vera Zimmermann
- Wagner Moura
Edição: Vinícius Segalla
Foto: Sergio Lima