Fiocruz investiga circulação de variante do coronavírus no Amazonas
Fiocruz investiga variante do coronavírus
A variante do coronavírus SARS-CoV-2 identificada por pesquisadores japoneses em viajantes que estiveram no Amazonas provavelmente evoluiu de uma linhagem do vírus que circula no estado, diz nota técnica publicada ontem (12) por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD), da Fiocruz Amazônia.
A variante foi designada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y) e pode ser uma linhagem do vírus emergente no Brasil.
A partir dessa conclusão, os pesquisadores aprofundaram o sequenciamento genético de amostras coletadas de casos confirmados de covid-19 entre dezembro e janeiro, para mapear a circulação da variante no estado. O levantamento genômico é realizado em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM).
O pesquisador Felipe Naveca, que lidera a investigação científica, explica que ainda é preciso mensurar a circulação da variante no estado para estimar se ela teve impacto no aumento do número de casos e mortes pela doença.
Segundo a nota técnica, o SARS-CoV-e B.1.1.28 já circula no Amazonas desde abril de 2020, porém evoluía a uma taxa constante entre abril e novembro, sem apresentar tantas mutações na proteína S ou em outras regiões genômicas.
“Isso chama bastante a atenção. É um virus que acumulou muitas mutações em pouco tempo”, afirma o pesquisador, por meio da assessoria de imprensa da Fiocruz Amazônia. “A evolução nos vírus é uma coisa já esperada. O SARS-CoV-2 até evolui mais lentamente que outros vírus RNA. Essa variante descoberta no Japão chama muita atenção, assim como a variante inglesa e a sul-africana, porque acumulou muitas mutações ao mesmo tempo, acima do que a gente estava vendo até o momento.”
Naveca faz um apelo à população para que respeite as medidas de prevenção à covid-19, como o distanciamento social, o uso de máscara, a higiene das mãos e a etiqueta respiratória. Além de prevenir a transmissão da doença, a diminuição da circulação reduz a velocidade de mutação do vírus.
“Nesse momento, é um apelo que precisamos fazer à população para nos ajudar em um momento tão difícil como estamos vivendo novamente no Amazonas e em vários estados do Brasil.” O pesquisador ressalta que é preciso frear a evolução do vírus e que só se faz isso diminuindo a transmissão. “Diminuir a transmissão é diminuir o contato pessoa-pessoa, que é o que transmite o vírus, seja ele original ou mutante.”
A identificação da nova variante do coronavírus foi comunicada pelo Ministério da Saúde do Japão ao Brasil no último fim de semana. Os quatro viajantes desembarcaram no Aeroporto Haneda, em Tóquio, em 2 de janeiro, com sintomas da doença.
Em nota, o Ministério da Saúde do Brasil informou que, de acordo com as autoridades japonesas, a nova variante tem 12 mutações e que uma delas é a mesma encontrada nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul, “o que implica maior potencial de transmissão do vírus”.
A nota do ministério destaca que não há “evidência científica que aponte impacto na efetividade do diagnóstico laboratorial ou das vacinas em estudo atualmente contra a covid-19″
Fonte: Fiocruz