População em situação de rua em Maricá
População em situação de rua
Primeiramente, com capacidade para acolher até 30 pessoas em situação de rua (número considerado seguro dentro dos protocolos de segurança e distanciamento social em decorrência da pandemia de Covid-19), a Prefeitura de Maricá, através da Secretaria de Assistência Social, vai entregar à população, a “Casa Abrigo Ernani Gomes Duarte”.
O nome, escolhido pela própria população em situação de rua de Maricá, é um dos assistidos pela Assistência Social, falecido em 2019. Localizada na Rua Tenente Coronel Aviador Roberto de Souza Machado, Nº 18, Q159, em Araçatiba, a casa, que já está em funcionamento, tem por objetivo proteger e fortalecer a cidadania de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Pandemia
Conforme contou a secretária de Assistência Social, Laura Costa, desde o início da pandemia de Covid-19, diante das ações estratégicas de combate ao novo coronavírus realizadas na cidade, que pessoas em situação de vulnerabilidade já utilizam os serviços do abrigo, entre eles, a possibilidade de pernoite, uma novidade. O local oferece ainda alimentação, cuidados médicos, acompanhamento psicológico, atividades físicas, além de oficinas e cursos.
“A abordagem social junto à população de rua é um serviço que a Prefeitura já disponibiliza há bastante tempo. Há alguns anos que temos todo o mapeamento das pessoas que vivem na rua e da rua em Maricá. Nosso trabalho é identificar as necessidades dessas pessoas, como cuidados com a saúde, ausência de documentos e muitas outras. Para isso, realizamos assembleias e disponibilizamos equipes multidisciplinares que incluem psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, professores, conselheiros de dependência química e muitas outras parcerias”, afirmou Laura.
Nesta quinta-feira (23/07), cerca de 28 pessoas estavam sendo atendidas no local. Uma delas é Severino Ramos Alves, 58, conhecido como Painho. Praibano, morando há um ano e oito meses em Maricá, vive da venda de artesanato.
“Aqui estou sendo cuidado e amparado. Trabalho com meu artesanato, uso palha de coqueiro, cesta de bambu e crio instrumentos musicais de metal”, completo.
Questões estratégicas
Segundo a secretária várias questões estratégicas levaram a abertura e utilização antecipada do aparelho.
“Iniciamos as atividades no abrigo, oferecendo o pernoite, antes mesmo da sua inauguração por consequência da pandemia, do isolamento social e para que nossos assistidos fossem devidamente orientados e assim evitar com que eles se contaminassem com a Covid-19. Sem falar que estamos no inverno, ou seja, foram muitos os fatores que levou a oferecer o serviço de pernoite” justificou a secretária. “Nem todos os nossos assistidos dormem aqui. Temos hoje uma variação de 20 a 30 pessoas pernoitando no abrigo e todas com acompanhamento e segurança”, completou.
Vale destacar que nenhum dos assistidos são obrigados a permanecer no abrigo. Todos são convidados, sendo garantido a eles o direito de ir e vir. Aos que decidem ficar é oferecido café da manhã, almoço e jantar. Além disso, são disponibilizadas oficinas de leitura, teatro, informática e dinâmicas em grupo. Inclusive, de acordo com a Secretaria de Assistência Social, alguns dos assistidos estão fazendo artesanatos e vendendo seus trabalhos.
“Queremos torná-los autossustentáveis para que eles tenham algum recurso e possam ser reintegrados a sociedade. Esse é um dos nossos objetivos. Nossa estrutura está montada com equipes de profissionais que estão em sistema de rodízio por questões da pandemia, mas que atendem a toda a população em situação de rua que desejar estar aqui. A partir do momento que eles estão sendo assistidos, nós buscamos incluí-los nos programas e reintroduzi-los no mercado de trabalho para que eles conquistem autonomia financeira”, explicou Laura.
Luana Menezes de Noronha
Para a assistente social e uma das coordenadoras do abrigo, Luana Menezes de Noronha, aqueles que estão em maior situação de vulnerabilidade, Maricá só tem a ganhar.
“A partir do momento que conseguimos atender as pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade, toda cidade sai ganhando. A população em situação de rua é uma população altamente carente e que muitas vezes fica na invisibilidade das políticas públicas, mas quando estruturamos uma casa como esta para receber essa população, fazemos com que essas pessoas sejam vistas e consigam acessar as políticas públicas”, frisou a coordenadora.
Foto: Evelen Gouvêa